O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que o Brasil sofre pressão de países que “não fizeram o trabalho” de preservação das próprias florestas e que a declaração do ministro Paulo Guedes (Economia) a estrangeiros sobre o tema “não atrapalha”.
Mourão deu as declarações ao ser questionado sobre a participação de Paulo Guedes, nesta quinta (6), em uma videoconferência promovida por um instituto de Chicago (EUA).
Na transmissão ao vivo, o ministro da Economia, pediu aos estrangeiros que sejam “gentis” com o Brasil porque eles “destruíram” as próprias florestas.
Guedes afirmou: “Eu só peço que vocês sejam gentis, pois nós somos muito gentis. Nós entendemos sua preocupação. Tendo vivido tudo o que vocês viveram, vocês querem nos poupar de destruir nossas florestas, como vocês destruíram as de vocês. Vocês querem nos poupar de perseguir índios, nativos. Nós entendemos isso.”
Questionado nesta sexta se a declaração do ministro da Economia atrapalha o diálogo com investidores estrangeiros, Mourão respondeu:
“Não é questão de que é o jeito mais adequado. É que as vezes a gente sofre determinadas pressões oriundas de países que não fizeram o trabalho deles em outro período da história. […] Não atrapalha, o Guedes ele só ajuda.”
Mourão chefia o Conselho Nacional da Amazônia Legal e tem se reunido com investidores brasileiros e estrangeiros para discutir a proteção do meio ambiente.
Para o vice Hamilton Mourão, a exploração da Amazônia deve seguir os “parâmetros atuais” da sociedade.
“Haveria aquela corrida do ouro na Califórnia e no Alasca, que ocorreu no século 19, em pleno século 21 com aquelas características? Não haveria. É a mesma coisa que acontece na Amazônia. A exploração da Amazônia tem que se dar dentro dos parâmetros que são da humanidade de hoje, e não de dois séculos atrás”, disse.
Segundo Mourão, o investidor procura locais com respeito ao meio ambiente, à questões sociais e com boa governança.
“Isso faz parte do diálogo, isso não é problema [a fala de Guedes]. O investidor ele vem aonde ele vai ganhar dinheiro. Hoje o investidor por pressão, vamos dizer assim, daqueles que colocam dinheiros nos fundos de investimento, ele busca lugares onde haja respeito ao meio-ambiente, respeito a questão social e que haja governança, que o dinheiro dele dê lucro”, disse.