O líder do governo no Congresso Nacional, senador Eduardo Gomes (MDB-TO), disse que articula uma saída para viabilizar a derrubada, dada como certa pelo governo, do veto presidencial à prorrogação da desoneração da folha de pagamento das empresas.
O veto presidencial precisa ser analisado pelo Congresso, que tem sessão marcada para esta quarta-feira (30). Há alguns meses, o governo tem agido para adiar a sua apreciação a fim de encontrar uma solução.
Segundo Gomes, há uma negociação no Congresso para encontrar uma “posição legal” que permita manter a desoneração até o fim do ano que vem sem que haja questionamento jurídico.
O desenrolar dessas conversas, disse o senador, irá definir se haverá a sessão do Congresso convocada para esta quarta para análise de vetos presidenciais.
“Isso a gente pode estudar até a última hora com os líderes. A decisão de manter e convocar a sessão é do presidente do Congresso, mas ele também depende de todo um circuito de consulta a lideranças para as matérias que são várias, não apenas a desoneração”, disse.
Renúncia
Gomes apontou que a desoneração implica em uma renúncia de receitas que precisa ser compensada por outra fonte de recursos para que não haja prejuízo às contas do governo. Segundo ele, as conversas sobre o tema visam justamente encontrar uma solução para evitar que a desoneração – e a renúncia – gerem questionamentos contra o governo na Justiça.
“É um problema jurídico que tem origem num problema fiscal. Você tem que ter previsão de receita para abrir mão de qualquer outra receita que venha a fazer falta ao estado. Está na Constituição. Por isso, o reparo deve ter segurança constitucional”, disse Gomes.
A desoneração da folha, que atualmente se aplica a 17 setores da economia, como os de “call center”, tecnologia da informação, transporte, construção civil, têxtil e comunicação, vai até o fim deste ano.
Em junho, o Congresso aprovou a prorrogação para esses segmentos até o fim de 2021. Mas, em julho, o presidente Jair Bolsonaro vetou isso.
“O Congresso Nacional tem uma posição majoritária a favor [da manutenção da desoneração]. Nós temos uma discussão jurídica sobre o veto, a questão da constitucionalidade e, agora, os novos fatores que aconteceram com relação à possibilidade de constitucionalizar, de dar segurança jurídica à questão da desoneração, motivou uma série de outras negociações”, afirmou Gomes.
Ele ponderou que foi justamente por esse motivo que o presidente Bolsonaro vetou a prorrogação da medida.