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Se economia precisar de estímulo, será necessário tirar dinheiro de outro lugar

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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que o Brasil fez um enorme esforço fiscal (aumento de gastos públicos) para combater a pandemia do novo coronavírus no ano passado e acrescentou que, por isso, o país saiu da crise em uma situação ainda pior, com a dívida pública beirando 90% do Produto Interno Bruto (PIB) — bem acima de outras nações emergentes.

Segundo ele, o atual patamar da dívida brasileira é muito alto, de modo que a equipe econômica está muito preocupada.

“A mensagem agora é que, se por alguma razão precisarmos de um estímulo fiscal adicional na economia, você tem que ter uma contraparte de onde você tira dinheiro de outro lugar. Porque chegamos a um ponto na inflação em que, se você fizer mais fiscal [aumento de gastos], por causa da credibilidade, eu posso não atingir a meta desejada [de melhorar a economia]”, declarou, durante videoconferência internacional.
No fim de janeiro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a estratégia da área econômica é levar adiante a vacinação em massa da população brasileira e aguardar a queda da taxa de mortalidade da Covid-19.

Segundo ele, porém, se a vacinação atrasar e a pandemia se agravar, e isso levar à necessidade de renovar o auxílio emergencial, os demais gastos do governo têm de ser contidos travando o orçamento.

Reformas econômicas
O presidente do BC explicou que é necessário, neste momento, focar nas reformas enviadas ao Congresso Nacional para conter o endividamento público.

“O que temos de fazer é passar as reformas para sustentar a dívida, atingir um equilíbrio e conseguir credibilidade. E para conseguir credibilidade, temos de dizer às pessoas que fizemos um desvio, mas que somos sérios com relação à convergência fiscal. Ser sério com relação à convergência fiscal envolve outras reformas”, afirmou.

Na avaliação do presidente do Banco Central, o governo está próximo de colocar uma parte da agenda econômica em votação no Congresso.

“É um grande desafio, mas acho que temos condições de, passadas as eleições no Congresso agora, de começar a combater esses problemas”, disse ele. A entrevista foi gravada na última sexta-feira (29), e veiculada somente nesta terça.

A agenda do governo é encabeçada pelas propostas de emenda à Constituição (PECs) da emergência fiscal e do pacto federativo, além das reformas administrativa e tributária.

Um novo programa social, para sair do papel, precisa do “espaço orçamentário” que essas medidas pretendem abrir no teto de gastos – mecanismo que limita maior parte do gastos públicos à variação da inflação do ano anterior.

Vacinação
Campos Neto também avaliou que a vacinação é a “luz no fim do túnel” da pandemia do novo coronavírus, que pode representar também melhora na atividade.

“Olhando para os mercados e como a economia reage, as pessoas estão olhando mais agora em como vai ser o processo de vacinação, do que qualquer outra coisa. Mais do que se precisamos de mais estímulos”, disse.

De acordo com ele, é preciso vacinar rapidamente a população.

“Em Israel, depois de vacinar as pessoas mais velhas, o número de pessoas indo ao hospital, e de mortes, caiu dramaticamente. A prioridade de como você vai vacinar a população é muito importante. É algo que estamos falando no Brasil. O Brasil tem uma capacidade muito, muito grande vacinação, tem muitos programas”, declarou.

Ele disse que o Brasil tem uma capacidade de vacinação grande, podendo vacinar 5 milhões de pessoas em um único dia, mas ponderou, também, que há novas variantes do vírus que geram incertezas.

“Mesmo com a vacinação, ainda temos esse elemento de incerteza que, para o BC, é muito importante entender para onde isso vai. As vacinas são eficazes contra o novo vírus e suas variantes? Pessoas estão dizendo que as variantes novas se parece mais contagiantes, mas o único caso que tivemos foi Manaus. Estudos que vemos não são muito sólidos. Então, temos de entender melhor para ter um cenário sólido de onde vamos daqui em diante”

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