O presidente Jair Bolsonaro deu bronca em ministros e mostrou uma irritação acima do normal em reunião nesta semana que discutiu, entre outros temas, a CPI da Covid.
Desde a divulgação da suposta elaboração de um dossiê pelo ex-diretor do Ministério da Saúde Roberto Dias, com informações sobre esquemas na pasta, o Palácio do Planalto acendeu o sinal de alerta e acionou aliados para entrarem em contato com o servidor.
Ao ser exonerado sem maiores explicações, Roberto Dias se sentiu “abandonado” pelo governo – por isso, teria elaborado o dossiê. Presidente da CPI da Covid, o senador Omar Aziz (PSD-AM) afirma ter a informação de que Dias entregou o dossiê a dois parentes, incluindo um que mora na Espanha.
A avaliação de assessores presidenciais é de que o governo errou em simplesmente exonerar Roberto Dias – sem lhe dar oportunidade de se defender – apenas com base na acusação do revendedor de vacinas Luiz Paulo Dominghetti.
Dominghetti, que é policial militar em Minas Gerais, Declarou que o então assessor da Saúde teria pedido propina para fechar contrato de compra de imunizantes.
Dentro do governo, uma ala já vinha defendendo a demissão de Roberto Dias antes mesmo de surgir a acusação de Dominghetti.
O assessor não se dava bem com o ex-ministro Eduardo Pazuello e com o ex-secretário executivo Élcio Franco, mas contava com o apoio de parlamentares da base aliada. Agora, o governo conta exatamente com os padrinhos políticos para tentar acalmar o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde.
Segundo senadores da CPI, ao deixar vazar a informação sobre o tal dossiê, Dias passou o recado para o governo: se ele cair, vai levar mais gente junto. Daí, o temor do Planalto.