A represa Paiva Castro, a menor do sistema Cantareira, localizada entre os municípios de Franco da Rocha e Mairiporã, está sob alerta para abertura de comportas. Segundo boletim técnico da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), na manhã desta segunda-feira (31) a represa atingiu 81,6% de sua capacidade operacional.
No domingo (30) à noite, a Prefeitura de Franco da Rocha já havia emitido um alerta máximo para “risco iminente de abertura das comportas”. Até então, a represa estava com 78,7% de seu volume preenchido, entrando na zona limite da cota de segurança para retenção de água no local.
“Tivemos uma trégua das chuvas durante a madrugada e, por enquanto, [o risco de abertura das comportas] está afastado. Vamos depender do tempo. Se voltar a chover, esse risco volta a existir”, afirmou Nivaldo Santos (PTB), prefeito do município.
“Já foram retiradas famílias que moravam numa vila onde é possível alagamento caso a represa venha a abrir as comportas. Tomamos essas medidas para atingir o menor número possível [de pessoas]”.
Abertura de comportas
As comportas funcionam como mecanismos que permitem o controle do escoamento de água das represas quando necessário, ou seja, em caso dos níveis operacionais serem ultrapassados.
De acordo com o Governo de São Paulo, o procedimento de abertura das comportas é uma medida para garantir a segurança da barragem e da população.
"Se as comportas permanecerem fechadas, a represa corre o risco de romper, permitindo que toda a água armazenada se espalhe, sem controle", afirma o governo do estado.
Para diminuir os níveis da represa Paiva Castro, a Sabesp disse que aumentou a retirada de água para a estação de tratamento do Guaraú. A companhia também afirmou que “mantém um plano de contingência junto à Coordenadoria Estadual de Defesa Civil para acompanhamento e controle dos níveis de segurança”.
Em 2016, o nível de água na represa Paiva Castro atingiu 745,50 metros, levando a operação de abertura das comportas e o despejo de 10 m3/s (metros cúbicos por segundo) de líquido no Rio Juquery. O mesmo método foi adotado nos anos de 1987 e 2011.
Deslizamento em Franco da Rocha
Com o temporal que caiu sobre Franco da Rocha ao longo deste final de semana, o Rio Juquery e o Ribeirão Eusébio transbordaram, deixando a área central do município alagada. Equipes da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros precisaram utilizar botes para resgatar moradores da região na manhã de domingo.
Por volta das 7h, ocorreu um desmoronamento na rua São Carlos, no bairro Parque Paulista, resultando em ao menos cinco mortes. Segundo o prefeito Nivaldo Santos (PTB), o local, que fica na divisa com Francisco Morato, não estava classificado como região de alto risco.
De acordo com a gestão municipal, as equipes de resgate permanecem mobilizadas para encontrar as vítimas do deslizamento. Mais de 11 pessoas permanecem desaparecidas na manhã desta segunda-feira.
Na tarde deste domingo, voluntários cavavam a região afetada em busca de sobreviventes de deslizamento.
Chuvas em SP
OCentro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) continua emitindo alerta para toda a região metropolitana de São Paulo, para a capital e também para o interior.
As fortes chuvas que levaram a mortes devido aos deslizamentos de terra no estado de São Paulo deverão continuar no início desta semana, pelo menos durante esta segunda-feira (31), de acordo com informações do Climatempo.
A chegada de uma frente fria na costa de São Paulo e uma Zona de Convergência do Atlântico Sul — interação de duas ou mais massas de ar — trouxeram grandes volumes de chuva a diferentes regiões do estado.
No ABC Paulista — Vila Maria, São Miguel Paulista, Campo Limpo e em outras áreas da região metropolitana —, os acumulados passaram dos 50 mm.
“Não é um problema só da chuva. Precisamos, mais do que nunca, ‘desnaturalizar’ o desastre natural, porque a culpa também é nossa”, afirmou a meteorologista Josélia Pegorim.
De acordo com o Climatempo, a Grande São Paulo terá um “início de semana com pancadas que ainda podem ser fortes e volumosas”, sendo que “não se descarta a possibilidade de novos alagamentos, deslizamentos de terra e transbordamentos de rios e córregos”. Já o Cemaden considera que o risco de novos deslizamentos de terra é alto.