O anúncio de estudos para a privatização da Petrobras é uma jogada de alto risco e pode virar um tiro no pé. A avaliação é de aliados do presidente Jair Bolsonaro que são contra a proposta num ano eleitoral.
Para eles, o governo pode estar dando munição para seus adversários e afastar eleitores.
Anunciado pelo novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, o pedido de estudos para privatizar a companhia petroleira faz parte de uma estratégia para dar ao presidente Bolsonaro um discurso na campanha eleitoral: de que ele tentou de tudo para reduzir o preço dos combustíveis, não conseguiu, e a saída é vender a estatal.
Ao afirmar que essa era a sua primeira medida à frente do ministério, para o qual foi nomeado na quarta-feira (11), Adolfo Sachsida, um apoiador de primeira hora de Bolsonaro, fez questão de afirmar que tinha autorização direta do presidente da República para fazer o anúncio.
Segundo aliados do presidente, a estratégia é de alto risco. Em vez de garantir um discurso para Bolsonaro se defender da alta da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, pode se virar contra ele.
Os aliados lembram que a estatal sempre teve uma boa avaliação da população, que costuma ser contra a venda da empresa. Se a tática não funcionar, em vez de ganhar votos o presidente pode perder apoio entre eleitores.
Além disso, o tema vai ser usado pela oposição para atacar Bolsonaro. A equipe do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já está usando o anúncio para criticá-lo, divulgar que o presidente é o responsável pela alta dos combustíveis no Brasil e que ele quer vender a empresa mais valiosa do país.