A criação de uma CPI para investigar a Petrobras pode ser um tiro no pé do próprio governo, mostrando pressões políticas sobre a diretoria da estatal para evitar reajuste de preços em nome da reeleição do presidente Jair Bolsonaro e da derrota do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em reuniões convocadas pelo governo com a direção da Petrobras, aliados do presidente Bolsonaro chegaram a acusar diretores da estatal a trabalharem pela derrota de Bolsonaro e uma vitória de Lula.
Nestas reuniões, a diretoria foi pressionada diretamente a não reajustar os preços antes das eleições e “alertada” de que estaria trabalhando pela vitória do petista se não cumprisse a orientação. Houve clima de constrangimento porque a pressão foi explícita e direta por uma atuação política da Petrobras.
Um interlocutor da diretoria da estatal disse que a resposta foi não comentar a questão política e somente alertar que o pior seria um desabastecimento de diesel no país no segundo semestre. Neste caso, o desgaste para o presidente seria ainda maior do que o reajuste.
Agora, diante da renúncia de José Mauro Ferreira Coelho da presidência da estatal, a avaliação é que a disposição de se criar uma CPI, que já era uma manobra eleitoreira e uma tentativa de tirar do presidente da República a responsabilidade pelos aumentos, perde força.
“Os defensores da CPI, que não queriam a CPI, agora ganham o argumento para desistir da ideia com a renúncia do presidente da empresa”, disse um líder partidário.