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Ginasianos se encontram com o mestre de mais de 90 anos

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Eu, com muita honra, tenho escrito as Lembranças do Amaral, em que relato pessoas e coisas do passado, porem o assunto que proponho é mais sério, a “realidade” e de hoje.
Numa manhã de um sábado, tive o privilégio de conviver, com colegas veteranos, numa visita para rever um dos estimados mestres.
Vou invocar aqui um subtítulo, excepcionalmente, como:
Crônica de Passagem:
E, ao lado dos amigos, conversamos com um dos nossos professores do Amaral Wagner, daqueles memoráveis tempos quando éramos apenas jovens estudantes.
Através de um trabalho especial do colega Agnaldo Bianchini, localizando-o, nosso querido Professor José Soldá, e, juntamente com ele e o Antonio Trubiani, fomos recebidos em sua casa para um bate-papo. Eu particularmente não o via aproximadamente por 30 anos. Agora nos seus mais de 90 anos, com uma invejável memória, uma lucides de jovem estudante, com atividades marcantes, ainda lecionando em nível superior. Assim estive com ele mais outra vez, sempre na companhia dos amigos. Na primeira com a incumbência de ajudar entrevista-lo para a revista e na segunda levando um exemplar especial impresso de O Ginasiano (nº 30). E para a satisfação de todos, ele apreciou muito a iniciativa e segundo a sua vontade irá agendar novos encontros. Temos conversado com ele por telefone várias vezes ,sempre se preocupando com todos.
O professor, sempre menciona que o Amaral Wagner, por seus alunos, foi importante na sua vitoriosa carreira. Por varias vezes, mencionou colegas que foram seus alunos, e, que se destacaram na vida futura, com sucessos profissionais marcantes. Em alegações e aparentando sempre sua satisfação imensa em ter sido orientador na juventude de vários alunos, como futuros médicos e outras profissões importantes. Estes ex-alunos merecem sempre uma especial menção do professor; que do Amaral e outros colégios saíram muitas cabeças ilustres e que venceram na vida. Contou inclusive, que foi em certa época contratado para ser professor de física, matemática e desenho em colégio de alto nível, o Colégio Vera Cruz, na Rua Piratininga, em São Paulo, e que, com orgulho, contou que um de seus alunos se diferenciava pela eloquência e elegância. Ele então o orientou para que procurasse seguir o estudo de direito, este aluno veio a tornar-se um grande radialista, nada mais era do que Hélio Ribeiro. A propósito, neste colégio lecionaram algumas figuras exponenciais da nação, um deles foi o presidente Jânio Quadros, que saiu para iniciar-se na política.
Algumas expressões do professor ficaram gravadas, uma delas, lembrada pelo Dilson Nunes, lhe foi perguntado qual era o significado: “se vocês fizerem boas provas já podem molhar o pano”. O significado para ele era que poderiam providenciar sua indumentária para receber o diploma.
Explica-se; naquela época os alfaiates tinham o hábito de molhar o tecido antes de costurar o terno ou as costureiras o tecido dos vestidos para que, quando eles prontos, evitarem ocorrer problemas de encolhimento ou soltar tinta nos primeiros usos.
E, com certeza é um privilegio conseguir encontrar um mestre, que foi importante na formação intelectual e moral de futuros homens para a sociedade local e brasileira.
A sua lucides se torna mais evidente nas conversas, e as reflexões. A sua opinião sobre os jovens de hoje, nas suas palavras, literalmente:
“A diferença é brutal, a perspectiva não os empolgam a estudar, o aluno hoje não sabe o amanhã, ele é um ilustre desempregado, ele fica na duvida sobre o amanhã”. O maior problema é o referencial, os velhos não deixaram isto para eles. Hoje ele tem de tudo, desde o primário até os cursos superiores, uma facilidade para entrar nas universidades, a riqueza dos livros e a internet que lhe dá tudo pronto, o rendimento é muito baixo. Eles são até muito bons porem não tem uma diretriz ou mesmo a procura de uma diretriz e profissão. Isto vai demorar muito tempo para mudar.
Os professores hoje até são muito preparados, porem lutam com uma questão muito importante que é a dificuldade econômica, são muito mal remunerados. A intensão é manter o maior número de analfabetos possível para serem manipulados mais facilmente pelos grupos dominantes.
-No tempo do Amaral os alunos já tinham um conhecimento politico e convivência maior em empresas e com pessoas adultas o que os diferenciavam, já almejavam um futuro, uma perspectiva de orientação profissional mais definida. Hoje os jovens não convivem com ninguém.
E, continuando:
Imagine na época do Amaral, o corpo docente era diferenciado, composto por titulares escolhidos por concurso e geralmente na cidade também; delegados de policia, juízes de direito, médicos, promotores públicos, as vagas remanescentes eram dirigidas a eles. Imaginem a remuneração que tinham. Hoje o professor é um simples e pobre empregado desmotivado e humilhado até certo ponto.”
Mais sabias palavras dele;
“Hoje precisamos ligar nossos botões de pensar, de ver e de ouvir, as muralhas foram para os ares, o futuro chegou e o tempo adquiriu uma nova dimensão.”
Aqui, eis somente algumas de suas relevantes observações e demonstrações de conhecimento, como professor e como homem, aquele mesmo jovem que veio para o Amaral Wagner como novo e promissor professor. O querido professor, na sua juventude. Ele foi importante para muitos dos alunos do Amaral Wagner, especialmente na transição para a fase adulta.
A promessa de novos encontros será sempre bem-vinda, pois o compartilhamento das suas observações encanta, e, se possível, brevemente no retorno das reuniões/almoços contaremos com a sua participação na realidade.
Na terceira idade a maioria os veteranos alunos do Amaral terão a oportunidade de relembrar e continuar recebendo os ensinamentos de um grande homem, que por um período de sua vida se dedicou a ensinar, muito além da sua cátedra.
Imagine, agora com uma bagagem de mais de 90 anos, o que ainda mais agregou, pois já era brilhante na juventude.
Por isto tudo é que sempre as lembranças do passado no Amaral são comentadas, mas aqui a realidade atual dos personagens importantes da época é que continuam em evidência.
O pequeno mundo da humanidade na Terra é pródigo, e, sempre nos surpreende, o planeta abriga uma espécie diferenciada, com um futuro ainda promissor e com certeza será beneficiado com a supremacia do bem. Assim seja, que Deus nos acompanhe e possibilite passarmos as novas gerações um pouco do que aprendemos e ainda respeitamos com valor intrínseco e relevante. Para nossa felicidade continuamos com um canal de contato com o mestre e mantida sua promessa de vir ao próximo encontro.
Impressionante é sua ainda dedicação, nos tratando como se fossemos seus alunos ou ainda melhor como amigos de longa data, sempre se preocupando com nossas condições de vida e também a saúde.
E, para nossa satisfação ele continua bastante ativo, cheio de compromissos e afazeres.
E, faz-nos refletir nas palavras anotadas por André Luiz, “A Terra não é somente o campo que podemos ferir ou menosprezar a nosso bel-prazer. É organização viva, possuidora de certas leis que nos escravizarão ou libertarão segundo nossas obras”. (N.A)
Mais uma reflexão das lembranças do Amaral e a realidade do que vivenciamos e seus personagens, podendo inclusive ser levada para o tempo atual.

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