A equipe do presidente Jair Bolsonaro avalia que não basta somente ele falar de estudos de privatização da Petrobras , é preciso também adotar medidas para evitar novos aumentos do diesel, pelo menos para os setores que mais sofrem com a alta do combustível.
Segundo assessores, o novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, assumiu o cargo com essa missão.
Dentro do governo, uma ala defende a concessão de um subsídio pelo menos focalizado, para atender categorias como caminhoneiros, taxistas e motoristas de aplicativos.
Segundo os defensores da proposta, o custo poderia ser menor do que um subsídio generalizado para consumidores de diesel e gasolina e, com isso, ser aceito pela equipe econômica.
Egresso do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida sempre se posicionou contra a concessão de subsídios para controlar os aumentos dos preços de combustíveis. Segundo ele, o efeito na bomba é pequeno e, logo em seguida, o combustível pode voltar a subir por causa do cenário externo negativo, como o atual.
Além do subsídio, outra proposta é utilizar os dividendos da Petrobras para segurar o aumento do diesel pelo menos. Ou seja, em vez de repassar os dividendos para a União, os recursos ficariam para a estatal cobrir custos com a retenção de um aumento de preço.
Recentemente, a estatal anunciou a distribuição de mais de R$ 40 bilhões de dividendos, sendo cerca de R$ 14 bilhões para o Tesouro Nacional.
Dentro do governo, a avaliação é que o anúncio dos estudos para privatização da estatal tem fôlego curto. O processo é demorado e não tem impacto nenhum sobre os preços no curto prazo. Nem mesmo depois de a empresa ser eventualmente vendida.
Por isso, se dá discurso para o presidente Bolsonaro tentar se defender do desgaste pela alta da gasolina e do diesel, na prática o eleitor seguirá insatisfeito com o Palácio do Planalto.
Daí a defesa de adoção de medidas para segurar novos aumentos de combustíveis. O problema é que não basta apenas segurar o reajuste. Afinal, se medidas não forem adotadas para compensar o represamento de preços, há risco de desabastecimento de diesel no Brasil.
Cerca de 30% do produto consumido no país é importado. Se o preço lá fora estiver mais alto do que aqui dentro, os importadores simplesmente deixam de importar o diesel.
O Palácio do Planalto foi alertado, por exemplo, que se a estatal não tivesse concedido o aumento de março, haveria falta de diesel já em abril. O último aumento, no início de maio, tem o mesmo objetivo, afetar o abastecimento no país. Gasolina e gás de cozinha não foram reajustados.