Não é por acaso que haja tanta cautela no Palácio do Planalto com o escândalo envolvendo o ministro da Educação, Milton Ribeiro. O temor no governo é de que ele possa sair “atirando” se sentir abandonado.
Em reunião com prefeitos, Milton Ribeiro afirmou que repassa verbas para municípios indicados por dois pastores, a pedido do presidente Jair Bolsonaro. Depois, em nota, Ribeiro disse que Bolsonaro não pediu atendimento preferencial e negou favorecimento a pastores.
A percepção da ala política do governo, na manhã desta quarta-feira (23), é que Milton Ribeiro não conseguiu estancar a sangria da crise. Mas, pelo menos, cumpriu o roteiro de blindar o presidente Jair Bolsonaro.
Mesmo assim, integrantes do Centrão que já estão de olho no espólio do Ministério da Educação avaliam que o prolongamento permanência de Ribeiro no governo vai depender da capacidade do ministro de evitar a contaminação do próprio presidente neste episódio, principalmente em ano eleitoral.
O silêncio dos aliados do governo no Congresso Nacional e do próprio Palácio do Planalto é um indicativo da gravidade da situação envolvendo o ministro da Educação.
No Congresso, a expectativa da base aliada era que Ribeiro desse uma entrevista coletiva à imprensa contundente respondendo os fatos, o que não aconteceu.
Nas palavras de um dos líderes do Centrão, o ministro não podia negar o ocorrido porque o áudio existe. Mas fez um gesto para salvar Bolsonaro.
“Em qualquer outra situação, o ministro já teria sido forçado a pedir demissão imediatamente. Mas não está claro qual será a reação dele (Milton Ribeiro) se perceber que foi abandonado. Se ele confirmar que cumpria ordens do presidente (como está no aúdio), o estrago será grande”, reforçou ao Blog outro líder do Centrão preocupado com a situação.