O preço da cenoura está chamando a atenção dos consumidores e virou até meme depois que o quilo do alimento passou a ser encontrado por R$ 10 a R$ 14, nos primeiros meses do ano.
Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro, o valor aumentou 55,41% sobre o mês anterior. No caso da cenoura, as variações foram desde 39,26% em São Paulo até 88,15% em Vitória.
A inflação da cenoura é consequência, principalmente, das chuvas intensas que afetaram as principais plantações do país, explica a pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) Marina Marangon.
Os estados de Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo, que são grandes produtores, foram os mais prejudicados.
“Houve muita chuva em janeiro e fevereiro e ela prejudicou muito as plantações que estão em Minas Gerais, como em São Gotardo, cidade que abastece o mercado nacional. Para ter ideia, os maquinários responsáveis pela colheita não conseguiram entrar nas plantações devido aos alagamentos nos plantios”, explica Marina.
"Também teve o descarte de muitas cenouras após a colheita, já que a umidade no solo deixou o alimento muito úmido e impróprio ao consumo, além de ter doença nas raízes. O volume de cenouras vendido pelos produtores diminuiu e, consequentemente, aumentou o valor".
Colheita menor, preço nas alturas
Em fevereiro, os produtores cobraram 70% a mais pela cenoura vendida aos beneficiadores do que no mês anterior, apontam dados do Cepea. Com isso, o legume alcançou o maior preço real da série histórica do centro de estudos, iniciada em 2008.
Na primeira semana de março, a caixa de 29 kg era comercializada pelos agricultores a R$ 118,75, ainda de acordo com o Cepea.
“Em dezembro, começamos a sentir bem a alta, mas ainda o produtor me vendia uma caixa de cenoura por R$ 50. Em janeiro, passou a ser R$ 120 e, depois, foi para R$ 130, R$ 140”, relata Toshiyuki Mishima, que está à frente de uma empresa de beneficiamento de cenoura há mais de 20 anos, em Piedade (SP).
Ele recebe a chamada cenoura “suja” da roça, lava, faz a seleção e embala para revender aos mercados, inclusive o Ceagesp, maior central de abastecimento da América Latina.
"Passei a revender por R$ 170. Por isso, o consumidor está encontrando o preço do quilo alto", completa o distribuidor.