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Com juros e endividamento, quase R$ 100 bilhões deixam a poupança

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As retiradas nas cadernetas de poupança superaram os depósitos em R$ 98,3 bilhões de janeiro a outubro deste ano, informou o Banco Central.

Os juros e o nível de endividamento dos brasileiros altos estão entre as possíveis razões para a saída de quase R$ 100 bilhões da poupança.

Apesar de alta, a evasão de recursos da poupança teve queda na comparação com os dez primeiros meses do ano ano passado – quando R$ 102,1 bilhões deixaram a modalidade de investimentos.

De acordo com a instituição, no acumulado do ano:

Cenário da economia

A retirada de recursos da caderneta de poupança acontece em um cenário de juros ainda relativamente altos, apesar de três quedas seguidas na Selic, para 12,25% ao ano.

Mesmo com a queda do juro básico no começo deste mês, o Brasil voltou a ter a maior taxa de juros reais do mundo (calculados após o abatimento da inflação estimada para os doze meses seguintes).

Indicadores também mostram que o endividamento da população segue elevado. Segundo o BC, ele somou 48% da renda acumulada nos doze meses até agosto deste ano.

Ao mesmo tempo, a taxa de inadimplência média registrada pelos bancos nas operações de crédito recuou para 3,5% em setembro, patamar ainda alto em termos históricos. A série do BC para esse indicador começa em março de 2011.

  • O governo federal lançou em julho o programa “Desenrola”, para renegociar dívidas da população.
  • Em dez semanas, os bancos renegociaram R$ 14,3 bilhões em 2 milhões contratos de dívida.

Rentabilidade

Em 2022, a poupança teve o primeiro ano de rendimento real desde 2018, após três anos de ganhos abaixo da inflação oficial do país.

No ano passado, a aplicação financeira mais popular do país registrou rentabilidade de 2%, já descontado o aumento de preços pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Apesar do ganho real, a aplicação segue com rendimento limitado. Quando a taxa Selic ultrapassa o patamar de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança é de 0,5% ao mês, mais a variação da taxa referencial (TR, que é calculada pela média ponderada dos títulos públicos prefixados).

De acordo com analistas ouvidos pelo g1, o retorno da poupança tem perdido para outras aplicações em renda fixa. Eles apontaram que investimentos no Tesouro Direto em CDBs e também CDIs têm registrado melhor desempenho.

Com a queda da Selic, a tendência também é de que os investimentos em renda variável fiquem mais atrativos. Especialistas ponderaram, no entanto, que esse movimento tende a ocorrer ao longo do tempo.

 

 

 

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