Mauro Cid, braço direito do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nos últimos quatro anos, deve apresentar à Polícia Federal detalhes sobre reuniões e conversas para efetivar um golpe de estado que visava manter o ex-presidente no poder após a derrota nas eleições.
Cid está detalhando participação no caso das joias sauditas, bem como outros temas.
Entre os temas, o roteiro do golpe. Cid testemunhou reuniões que trataram de golpe de estado.
Fontes ouvidas afirmam desconhecer, por ora, um acordo de delação premiada de Cid. Além disso, como o blog já revelou, ao confessar episódios, Cid relata reuniões e conversas que testemunhou. No entanto, ele não necessariamente acusa ninguém.
Agora, à PF, ele deve detalhar quem são os militares e outros ex-ministros e funcionários do governo Bolsonaro que participaram das tratativas que se deram, entre outras localidades, no Palácio da Alvorada em dezembro passado.
Nomes de militares —como Augusto Heleno (ex-ministro do GSI) e Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil e da Defesa)— são citados por fontes ouvidas pelo blog como alvos de Cid nos bastidores.“Cid está apresentando o que tem sobre vários temas. O foco da PF está no roteiro do golpe. Militares do governo Bolsonaro estão cientes das conversas de Cid com a PF e estão preocupados com o que ele pode relatar de envolvimento e reuniões com Heleno, Braga Netto e novos personagens do núcleo militar”, disse ao blog uma fonte que acompanha as tratativas de Cid com o Judiciário.
Os depoimentos de Cid, nas palavras dessa autoridade, são “amplos, diversificados e ruins para Bolsonaro”. A fonte ouvida pelo blog não detalhou o teor dos depoimentos do ex-ajudante de ordens. E complementa dizendo que Cid fala bastante, mas não fala tudo, por isso não se sabe dizer a extensão das consequências, por ora, do que diz Cid.
Não é só Cid quem está colaborando com investigadores sobre o roteiro do golpe. Integrantes do núcleo da polícia rodoviária federal também têm informações que interessam aos investigadores sobre como se deu o roteiro do golpe.
Em junho deste ano, um relatório da Polícia Federal (PF) divulgado pela revista “Veja” e obtido pelo blog revelou a existência de um documento que tinha instruções para um golpe de Estado “dentro das quatro linhas [da Constituição]” no celular de Cid.
O documento estava salvo com o título “Forças Armadas como poder moderador” e indicava uma série de ações cujo objetivo era desconstituir as instituições democráticas.
O relatório da PF mostra ainda que o documento foi criado apenas cinco dias antes do segundo turno das eleições. Não há, porém, indicação de que o texto tenha sido encaminhado a Bolsonaro.
Entre as ações planejadas para o pós-golpe, segundo o documento, estavam previstas a nomeação de um interventor, o afastamento e a abertura de inquéritos contra ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e outras autoridades, e a fixação de um prazo para novas eleições. O documento apontava que as medidas poderiam ser tomadas após autorização do presidente da República.