A educadora Suzana Dechechi ficou um ano e quatro meses no governo de Orlando Morando (PSDB) na função de secretária de Educação de São Bernardo, justamente no período no qual a Operação Prato Feito aponta que foi montado esquema para desviar recursos públicos na compra de merenda escolar e alimentação na área da saúde. Seu depoimento à PF (Polícia Federal) deixou uma ponta solta de linha em novelo de corrupção que a instituição e o MPF (Ministério Público Federal) indicam existir na gestão Morando.
No indiciamento proposto pela PF, a corporação traz trechos do depoimento de Suzana acerca da denúncia. Então secretária de Educação, Suzana é acusada pelo MPF de, deliberadamente, promover prorrogação contratual com a antiga fornecedora de merenda escolar, a Convida, por prazo de três meses. Depois, por autorizar a contratação emergencial da Pró-Saúde Alimentação Saudável por seis meses. Também é alvo por prorrogar, por 12 meses, contrato já questionado pela CGU (Controladoria-Geral da União) com a Le Garçon Serviços de Buffet.
Em oitiva à PF, Suzana declarou que recebeu orientação para prorrogação por apenas três meses, mas disse que não se lembrava quem deu a ordem. Ela teria sido instada a cuidar da parte pedagógica com a chegada do adjunto Lázaro Leão, que conduziu o certame.
A Pró-Saúde e a Le Garçon são empresas, segundo o MPF, de Fábio Mathias Favaretto, genro do advogado Carlos Maciel, até maio de 2018 homem forte no governo Morando. A Convida pertence ao grupo Denadai. Na acusação do MPF, o curto prazo de prorrogação de contrato com a Convida inviabilizou a realização de licitação, forçando a contratação emergencial da Pró-Saúde. Chamou atenção de procuradores e policiais federais o fato de a Pró-Saúde ter encaminhado proposta já fora do horário estipulado – segundo os investigadores, Morando teria recebido R$ 600 mil para favorecer empresas de Favaretto.