O sinal de alerta acendeu no Palácio do Planalto. Assessores do presidente Jair Bolsonaro avaliam que o ministro da Economia, Paulo Guedes, mandou sinais claros de que pode seguir a “debandada” de secretários e deixar o cargo se o governo decidir furar o teto de gastos públicos e abandonar de vez o ajuste fiscal no próximo ano.
Segundo esses assessores de Bolsonaro, Paulo Guedes demarcou o terreno , ao anunciar a saída dos secretários Salim Mattar e Paulo Uebel. No anúncio, disse que há insatisfações pelas mudanças nos rumos da política econômica do governo.
Para os interlocutores do presidente, Paulo Guedes até aceita não enviar a reforma administrativa agora, motivo da saída do secretario de Desburocratização, Paulo Uebel.
Mas, avaliam, Guedes não vai tolerar mudanças no teto de gastos públicos e foi muito claro na crítica aos defensores da medida, alertando que eles podem levar o presidente da República para “uma zona sombria, uma zona de impeachment”
Amigos do ministro da Economia dizem que Guedes não tem intenção de sair do governo. Sente-se responsável por uma missão conferida pelo presidente Bolsonaro para transformar a economia brasileira com uma agenda liberal, que neste momento está sendo questionada.
Esses amigos dizem que o ministro entende que, em alguns momentos, por questões políticas, é preciso recuar. É o caso da reforma administrativa, que, por motivações eleitorais, foi mais uma vez adiada para o próximo ano.
Os interlocutores de Paulo Guedes ressalvam, porém, que tudo tem limites. Neste momento, já há uma avaliação de que o ministro da Economia está num processo de enfraquecimento. Se aceitar furar o teto, perderá sua credibilidade.
Daí a avaliação de assessores diretos do presidente que, mesmo não tendo intenção de sair do governo, Paulo Guedes mandou sinais de que pode ser levado a isso caso o presidente mude definitivamente o rumo da política econômica.
Por enquanto, Paulo Guedes tem dito a interlocutores que o presidente da República tem garantido a ele que não aceitará mudanças no teto de gastos públicos no ano que vem. Recebeu essa garantia em mais de uma conversa com Bolsonaro.
O problema é que as pressões estão aumentando, a economia está reagindo ainda lentamente e o presidente gostou do resultado dos gastos com o auxílio emergencial e tem sido aconselhado a fazer o mesmo com investimentos, mirando a reeleição em 2022.
Agora, tanto na avaliação de assessores do presidente como de interlocutores do ministro da Economia, a bola está com o presidente da República.