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Lula diz ser contra o aborto, outra hora diz ser a favor

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O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a dizer que é contrário ao aborto e afirmou que cabe ao Congresso o “papel” de discutir mudanças na legislação sobre o tema.

Lula participou de uma caminhada com apoiadores em Guarulhos, na Grande São Paulo. Ele percorreu trajeto em um veículo, acompanhado de Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice na chapa, e Fernando Haddad (PT) que disputa o segundo turno da eleição ao governo de São Paulo contra Tarcísio de Freitas (Republicanos) – candidato apoiado por Jair Bolsonaro (PL).

Durante entrevista, Lula foi questionado sobre qual posicionamento tem relação ao aborto. “É uma resposta que já dei: sou contra o aborto, sou pai de cinco filhos, avô de oito netos, bisavô de uma bisneta. A lei existe e a lei diz o que pode acontecer com o aborto”, afirmou Lula.

O petista acrescentou que é necessário entender que “a mulher tem supremacia sobre o seu corpo”.

"Quem tem que decidir sobre o aborto é quem está gravida, que é a mulher, que tem que ter mais poder de dizer se quer ou não quer. A lei [sobre o aborto] existe. Isso não é o papel do presidente da República. É papel do legislativo, e sobretudo é um papel que cabe muito da gente entender que a mulher tem supremacia sobre o seu corpo", afirmou.

A declaração de Lula ocorre em um momento no qual a campanha petista articula uma mudança de tom para tentar conquistar mais votos entre o eleitorado cristão, em especial o evangélico – que tem maior afinidade a Jair Bolsonaro.

O petista já gravou um vídeo em que diz: “não só eu sou contra o aborto como as mulheres com quem eu casei são contra o aborto. Eu acho que quase todo mundo é contra o aborto. Não só porque nós somos defensores da vida, mas porque deve ser uma coisa muito desagradável e dolorida”.

Com a ajuda de interlocutores cristãos, caso da senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), o candidato do PT elabora ainda uma carta aos evangélicos, que deve ser divulgada na próxima segunda-feira (10).

Em uma rede social, o presidente Jair Bolsonaro reagiu ao movimento de Lula. Bolsonaro afirmou que o adversário “agora tenta dizer que é contra o aborto, enquanto é apoiado por quem defende; que é cristão, enquanto é apoiado por quem odeia igreja”.

“Não há nada mais vergonhoso do que defender uma ideia contrária a tudo aquilo que você acredita só para ser aceito”, disse Bolsonaro.

Pressão na Petrobras

Também em entrevista, Lula comentou a pressão que o presidente Jair Bolsonaro vem fazendo sobre a Petrobras para evitar aumento no preço dos combustíveis antes do segundo turno da eleição, marcado para o próximo dia 30.

Lula disse que Bolsonaro quer tirar “proveito eleitoral” da estatal e que toma medidas que, na avaliação do petista, deveriam ter sido adotadas antes de o preço dos combustíveis disparar.

“Neste instante, ele está brigando com Petrobrás para que não aumente a gasolina até o dia 30 de outubro. Ou seja, ele está utilizando a eleição para fazer tudo aquilo que deveria ter feito antes das eleições. O preço da gasolina não precisava ter chegado onde chegou, o preço do diesel, o preço do álcool não precisava chegar onde chegou. Chegou porque a gente não tinha governo, porque ele não tinha responsabilidade”, disse.

Bloqueio na Educação

Lula também criticou o bloqueio, feito pela gestão Bolsonaro, no Ministério da Educação, o qual atinge, principalmente, as universidades federais.

“Eu acho irresponsabilidade do presidente da República. De um lado, ele corta e do outro ele fala que vai recolocar. Ele acaba de cortar dinheiro da educação e fala que não é corte, é contingenciamento. É corte mesmo. Ele tira dinheiro da merenda escolar, ele não aumenta o salario mínimo”, disse.

O presidente afirmou ainda que, se for eleito, aproveitará o avanço da digitalização no Poder Público para substituir o orçamento “secreto” pelo “participativo”.

“Nós vamos fazer, aproveitando o muito digital, o orçamento participativo, fazer a sociedade contribuir com o orçamento. O que o povo quer que faça nesse país? Ele quer uma ponte, um metrô, um hospital? Não vai ser só um engenheiro que vai decidir o que vai fazer. Nós vamos ouvir o povo porque assim a gente vai fazer muito mais uma política de respeito ao povo brasileiro”, afirmou.

Criticado pela falta de transparência e igualdade na distribuição de recursos, as emendas de relator do Orçamento ficaram conhecidas como “orçamento secreto”. O mecanismo aumenta a possibilidade de influência política sobre a destinação de verbas federais.

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