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Médica diz que sofreu ‘desrespeito’ e ‘humilhação’ na CPI da Covid e processa senadores

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A médica Nise Yamaguchi divulgou uma carta aberta em que afirma ter sofrido “desrespeito” e “humilhação” durante seu depoimento à CPI da Covid. Dias antes, na sexta-feira (18), a médica ingressou com uma ação judicial de reparação de danos morais contra os senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Otto Alencar (PSD-BA).

Nise participou como convidada de uma audiência da CPI da Covid no dia 1º de junho. A oncologista é defensora de medicamentos comprovadamente ineficazes contra a Covid-19. A CPI suspeita que ela seja integrante de um possível “gabinete paralelo” de assessoramento ao presidente Jair Bolsonaro na pandemia. A comissão é presidida por Omar Aziz e tem, entre os integrantes titulares, Otto Alencar.
“São notórios e de conhecimento nacional o desrespeito e a humilhação por mim sofridos durante o depoimento prestado à CPI da pandemia no Senado Federal no dia 1º de junho de 2021”, afirmou Nise na carta.

Em determinado momento da sua participação na CPI, Otto, que também é médico, afirmou que Nise não sabia nada de infectologia(veja vídeo aqui). Em outro, disse que a “doutora não estudou”.

A médica disse ainda no documento que teve “falas e raciocínios interrompidos” durante seu depoimento e que lhe foram atribuídas palavras que ela nunca pronunciou.

“Por diversas vezes, tive minhas falas e raciocínios interrompidos. Ignoraram meus argumentos e atribuíram a mim palavras que não pronunciei. Não foi por falta de conhecimento que deixei de reagir, mas, sim, por educação. Não iria alterar a minha essência para atender a nítidos interesses políticos”, afirmou a médica.

Nesta sexta-feira (18), o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL) divulgou uma lista com 14 pessoas que passaram à condição de investigadas pela comissão. Nise Yamaguchi está entre os nomes citados pelo senador
Ataques virtuais após depoimento
A médica disse ter sido alvo de comportamentos “misóginos” no colegiado e afirmou que passou a ser agredida nas redes sociais a partir da sua participação na CPI.

“É triste perceber que, na Casa do Povo Brasileiro, mesmo após décadas de evolução, ainda se perpetuem comportamentos misóginos”, afirmou a médica.

“Na qualidade de mulher e de idosa, optei por entrar com uma ação judicial contra os senadores Omar Aziz e Otto Alencar, como uma medida para restaurar minha integridade e a de diversos outros médicos brasileiros, os quais também foram afetados com os discursos proferidos pelos parlamentares naquele dia”, afirmou a médica em outro trecho.

Em seu pedido à justiça, os advogados da médica argumentam que os senadores abusaram de seu direito à imunidade parlamentar e “perpetraram um verdadeiro massacre moral”. O documento diz ainda que os parlamentares “agiram intencionalmente com morbo e com deliberada crueldade no escopo de destruir a imagem”.

A médica pede que o senador Omar Aziz e a o senador Otto Alencar sejam condenados a pagar R$ 160 mil, cada um, a título de danos morais.
O que dizem os citados
A assessoria do senador Omar Aziz, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem. Em entrevista no dia 3 de junho, Otto Alencar disse ter tratado a convidada com respeito e ter feito perguntas dentro das regras previstas no regimento do Senado.

Em nota divulgada neste fim de semana, Otto Alencar afirmou que ainda não foi notificado da ação citada por Nise Yamaguchi. Ele reiterou que tratou a convidada com respeito e que Nise não soube responder a uma pergunta que ele formulou.

“Quanto à pergunta sobre vírus e protozoário, a médica não soube responder a indagação. O questionamento foi feito com o objetivo de indicar, como atestam cientistas e especialistas na área de saúde, que nenhuma medicação evita a contaminação pelo coronavírus e que o tratamento precoce, defendido por Nise Yamaguchi, não funciona e não é recomendado”, diz Otto Alencar na nota

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