O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou a publicação do edital de licitação para a retomada das obras do trecho Norte do Rodoanel Mário Covas, que era para ter ficado pronto em 2016 e está com as obras paralisadas desde 2018.
Segundo Doria, o edital será publicado no Diário Oficial do estado na quinta-feira (10) e prevê investimento de R$ 1,6 bilhão.
A previsão é a de que as obras sejam retomadas em fevereiro de 2021, com término previsto para 2023.
“A retomada das obras do Rodoanel depois de vários anos como obra paralisada vai gerar 12 mil novos empregos em São Paulo e o investimento de R$ 1,6 bilhão”, disse Doria.
“É o último trecho pendente dessa gigantesca obra de engenharia. A previsão é de que em janeiro a licitação esteja concluída e que em fevereiro as obras recomessem. Dividida em 6 lotes a obra deverá ser concluída em até 2 anos após o seu início em fevereiro do próximo ano. Portanto a sua conclusão está prevista em 2023”, acrescentou o governador.
O trecho pendente vai ligar a cidade de São Paulo à rodovia Presidente Dutra e já custou mais de R$ 6,3 bilhões. Um estudo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), contratado pelo governo, encontrou, em fevereiro deste ano, 1.300 as falhas no projeto e na estrutura da construção. Pelo estudo, 59 pontos são considerados grandes falhas construtivas, como erosão em terrenos e estruturas, colunas desalinhadas e infiltrações.
Quando estiver pronto, o Rodoanel Norte terá 44 quilômetros de extensão, passando pelas cidades de São Paulo, Arujá e Guarulhos, onde faz ligação com o Aeroporto Internacional de São Paulo.
O secretário estadual de Logística e Transportes, João Octaviano, disse que a retomada irá cumprir uma das metas da gestão de Doria. Ele afirmou que o laudo do IPT sobre as falhas na estrutura será utilizado para o embasamento dos trabalhos
“Portanto, o Rodoanel sendo retomado nesse formato, serão 6 lotes, estamos mantendo a estrutura original, é uma estação de complementação de obra, obtivemos ao longo desse ano o apoio do instituto de pesquisa tecnológica, o IPT, onde pudemos fazer uma análise detalhada do complemento da Obra. Isso será parte importante da obra, o laudo do IPT, que será seguido por todos os lotes”, afirmou Octaviano.
Para acompanhar os trabalhos, João Octaviano anunciou um site na internet, “onde todas as informações da obra e todas as ações da obra serão acompanhadas”, para evitar que problemas nas obras persistam, com uma central de monitoramento 24 horas, que poderá ser visitada por qualquer pessoa.
“Uma fiscalização feita através de drones, uma fiscalização através de câmeras permanentes, veículos com chip para que você possa georreferenciar a rota esses veículos dentro do empreendimento quanto no final, nos bota-fora. Além de toda a informação, uma estrutura de comunicação bastante robusta. Haverá lá, conforme determinação do governador, uma unidade, que é um centro de controle onde será facultada o acesso a qualquer cidadão a imprensa aos órgãos de controle a uma viatura onde dentro das situações de segurança vai levar os visitantes até o ponto da obra em que ele deseja encontrar e vistoriar”, afirmou o secretário.
Falhas
Laudo divulgado pelo IPT em 2019 apontou que 84% das falhas construtivas observadas na obra do Rodoanel Norte foram consideradas de gravidade baixa ou insignificante, 12% médias e 5% grandes.
As falhas consideradas pequenas ou insignificantes são decorrentes do abandono das obras e da falta de zeladoria dos canteiros de obra. São estruturas, por exemplo, que ficaram expostas a sol e chuva, sem a devida proteção.
Mais preocupantes, segundo o documento, são as anomalias médias, que podem interferir a médio e a longo prazo na operação da rodovia.
Já as falhas grandes poderiam impactar o funcionamento do Rodoanel Norte como um todo e, por isso, devem ser analisadas mais profundamente, inclusive com o consórcio projetista, antes da abertura da rodovia para veículos, diz a análise do IPT.
Entre as grandes falhas estão colunas de pontes tortas, rupturas e erosão de encostas. A condição dos túneis também foi criticada. Em um deles, com histórico de rupturas, técnicos identificaram o acúmulo de água que deveria estar drenado e falhas em seu revestimento interno, aponta o IPT.