Agentes da Polícia Federal cumpriram mandados contra alvos suspeitos de desviarem recursos da Saúde. A ação, denominada Darnadários, tenta desarticular um esquema entre empresários e agentes públicos, que tinha por finalidade contratações dirigidas. Um dos presos em São Paulo foi o secretário estadual de transportes Alexandre Baldy. Em Petrópolis, foi preso Guilherme Franco Netto, pesquisador da Fiocruz. No total, estão sendo cumpridos seis mandados de prisão e 11 de busca e apreensão em três estados e no Distrito Federal.
Baldy, ex-ministro das Cidades no governo do ex-presidente Michel Temer, é suspeito de participar do esquema antes de assumir a secretaria do governador João Doria, quando era deputado federal por Goiás. Ele foi preso em casa, nos Jardins, bairro nobre de São Paulo. O prédio da Secretaria de Transportes de São Paulo também foi alvo de buscas. Em nota, o governador de São Paulo, João Doria, afirmou que “os fatos que levaram as acusações contra Alexandre Baldy não têm relação com a atual gestão de seu governo”. Doria disse ainda ter “convicção” de que seu secretário saberá esclarecer os acontecimentos.
Apreensão de R$ 200 mil
Em um endereço ligado a Alexandre Baldy, em Brasília, os agentes apreenderam R$ 90 mil. Já em outra casa, em Goiânia, também alvo de mandado, foram encontrados mais R$ 110 mil.
No total, a PF já cumpriu três mandados de prisão em Petrópolis (RJ), São Paulo e Goiânia (GO). Os agentes tentam cumprir ainda mandados em São José do Rio Preto (SP) e Brasília (DF). Os alvos responderão pelos crimes de corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
A operação, desdobramento de outras ações como Fatura Exposta, Calicute e SOS, está sendo conduzida pela Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros da PF, em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF).
Repasses de R$ 1,4 milhão para Baldy
Os investigadores chegaram aos alvos a partir da delação de ex-diretores da organizac¸a~o social Pro´-Sau´de homologada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. De acordo com o MPF, o pagamento de propina era feito para agentes que pudessem interceder em favor da OS em relac¸a~o aos pagamentos do contrato de gesta~o do Hospital de Urge^ncia da Regia~o Sudoeste (HURSO), em Goia^nia (GO), que foi administrado pela Pro´-Sau´de entre 2010 e 2017. No total, Baldy teria recebido até R$ 1, 4 milhão.
As investigações do MPF apontam que Baldy tenha sido supostamente beneficiado por repasses de gestores da Pró-Saúde em troca de auxílio para contratar serviços da empresa no período em que foi deputado federal e ministro das Cidades (2014 a 2018).
Além de Baldy, Rodrigo Dias, também está entre os alvos de prisão preventiva. Dias é ex-presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e teria relação de parentesco com Baldy. Um dos delatores, Ricardo Brasil, afirma que conheceu Baldy em 2014 por intermédio de Dias e de Edson Giorno, funcionário da Pró-Saúde, com a “promessa de que ele poderia solucionar o problema financeiro do HURSO em troca de um pagamento de R$ 500 mil”.