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Putin pode invadir a Ucrânia em meio aos jogos olímpicos na China?

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Com o crescente aumento da tensão na fronteira entre a Rússia e a Ucrânia, os olhos do mundo se voltam para a região enquanto países do Ocidente buscam saídas diplomáticas para a crise.

Os Estados Unidos acusam o governo russo de se preparar para invadir a Ucrânia “dentro de dias ou semanas”. A Rússia nega a intenção de invadir novamente o território.

Com mais de 100 mil soldados mobilizados na fronteira, a Rússia defende a liberdade de realizar exercícios militares dentro do seu país e pressiona por garantias de segurança.

A Rússia quer que a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) deixe de tentar ampliar sua influência para a Europa Ocidental e que jamais aceite a Ucrânia como membro da aliança militar.

Os americanos reforçaram a presença de suas tropas no continente e mobilizaram 3 mil soldados para a área, em países aliados. A Rússia acusa os EUA de aumentarem as tensões na Europa.

Mas uma invasão, iminente segundo os EUA, não deve ocorrer pelo menos até o fim do mês, segundo o professor de Relações Internacionais Oliver Stuenkel, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Stuenkel analisa ser improvável que uma invasão ocorra em meio aos Jogos Olímpicos de Inverno, sediados na China, por conta da parceria recém firmada entre a Rússia e o gigante asiático.

"Me parece que é pouco provável que uma invasão ocorra durante a Olimpíada", diz o especialista em entrevista à Globonews. Veja no VÍDEO acima.

“A Rússia e a China têm uma parceria muito importante e o governo chinês deixou muito claro que não gostaria que um conflito dessa dimensão atrapalhasse a tentativa chinesa de se projetar como potência, capaz de organizar estes jogos neste momento”, diz o professor da FGV.

Os Jogos Olímpicos de Inverno, sediados em Pequim, ocorrem entre os dias 4 e 20 de fevereiro de 2022.

Na semana passada, o governo de Putin e do presidente chinês Xi Jinping anunciaram uma parceria “sem limites” e disseram que não vão tolerar qualquer interferência estrangeira em suas áreas de influência.

“A amizade entre os dois Estados não tem limites, não há áreas ‘proibidas’ de cooperação”, declararam China e Rússia em um comunicado conjunto após uma reunião bilateral.

“[A Rússia e a China] pretendem combater a interferência de forças externas nos assuntos internos de países soberanos sob qualquer pretexto”, diz o documento. “[Ambos] se opõem às ‘revoluções coloridas’ e aumentarão a cooperação nas áreas mencionadas”.

“Revoluções coloridas” é o termo usado para se referir às manifestações políticas de oposição nas ex-repúblicas soviéticas que aproximaram Geórgia, Ucrânia e Quirguistão dos EUA nos anos 2000.

A China acusa os Estados Unidos de colocarem lenha nos protestos de Hong Kong e apoiarem a independência de Taiwan. Putin acusa os americanos de desestabilizar a Ucrânia.

Putin viajou à China para a abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno e se tornou o primeiro líder mundial a ser recebido para uma reunião bilateral por Xi Jinping desde o início da pandemia.

O Russo foi também o chefe de Estado mais importante a visitar as Olimpíadas de Inverno, com a debandada de líderes mundiais após os boicotes diplomáticos.

EUA, Austrália, Canadá não enviaram representantes para os jogos, apenas atletas para as competições por conta da forma com que a China trata a minoria uigur em seu território.

Nesta semana, a Índia anunciou boicote após um incidente militar na fronteira com a China.

Clima favorável para invasão

Apesar de uma “pausa” durante as competições, Stuenkel avalia que uma invasão russa poderia ainda ocorrer neste mês.

“Daqui a duas semanas, as condições climáticas favorecem uma invasão, porque o clima congela o terreno que permite, que facilitaria a passagem de tanques”, diz o professor. “Então a maioria dos analistas vê uma janela [para a invasão], na segunda metade de fevereiro.”

O presidente francês Emmanuel Macron visita Moscou nesta segunda e viaja a Kiev na terça para tentar reduzir a tensão. Muitos esperam que ele promova um plano de paz até então estagnado para o conflito de vários anos com os separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia.

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