Numa avaliação realista, aliados do Palácio do Planalto avaliam que tanto as eleições municipais quanto a vitória do democrata Joe Biden na eleição americana derem um recado ao presidente Jair Bolsonaro.
Por aqui, foi uma espécie de freio na onda antipolítica que começou a crescer em 2016 e ganhou força com a eleição do próprio Bolsonaro em 2018. Nos Estados Unidos, foi um sinal de que a onda populista liderada no mundo pelo presidente Donald Trump tem um limite.
Em comum, as duas eleições realizadas no curso da pandemia do coronavírus sinalizaram reprovação do eleitor ao discurso negacionista ou a administradores que minimizaram a gravidade da situação.
Nessa disputa nas cidades, o presidente Bolsonaro fez questão de apoiar dezenas de candidatos para cargos de prefeitos e vereadores, inclusive nas capitais. Chegou a transformar a biblioteca do Palácio da Alvorada numa espécie de palanque eletrônico para comícios virtuais em forma de lives.
O resultado foi sofrível. Bolsonaro tinha sido aconselhado a ficar de fora da campanha. Mas ao ver o bom desempenho inicial do aliado Celso Russomanno em São Paulo, decidiu entrar de cabeça. A rejeição do presidente na capital, ajudou a enterrar Russomanno.
A situação também foi de derrota para candidatos de Bolsonaro em Belo Horizonte, Manaus e Recife. Em Fortaleza, o deputado Capitão Wagner escondeu o apoio do presidente, temendo o efeito da rejeição, e foi para o segundo turno.
No Rio de Janeiro, foi Bolsonaro que resolveu dar um apoio envergonhado ao prefeito Marcelo Crivella, que sofre grande desgaste de imagem. Crivella conseguiu ir para o segundo turno, mas com uma rejeição na casa dos 60%.
Diante do fraco desempenho dos seus candidatos, Bolsonaro tentou minimizar sua participação na campanha. “Minha ajuda a alguns poucos candidatos a prefeito resumiu-se a 4 lives num total de 3 horas”, escreveu o presidente numa rede social.
Mas ao blog, aliados do presidente no Congresso Nacional avaliaram que o resultado das urnas aqui e nos Estados Unidos serviram como uma espécie de alerta: ou Bolsonaro faz uma mudança de rota imediatamente, ou terá dificuldades na disputa de 2022.