O Ministério Público Federal (MPF) ofereceu à Justiça Federal uma nova denúncia contra Paulo Vieira de Souza, e outro ex-diretor da estatal paulista Dersa, por lavagem de dinheiro.
Entre os acusados estão Mário Rodrigues Júnior, que era da Desenvolvimento Rodoviário S/A, a Dersa, e o ex-executivo da Galvão Engenharia José Rubens Goulart Pereira. Também foram denunciados Cristiano Goulart Ferreira e Andrea Bucciarellli Pedrazzoli.
A denúncia foi apresentada na manhã desta terça-feira (29), último dia de trabalho da formação “original” da Lava Jato em São Paulo, criada em 2017.
No início de setembro, sete procuradores apresentaram pedido de desligamento coletivo e alegaram “incompatibilidades insolúveis” com a atuação da procuradora natural da Força-Tarefa, Viviane de Oliveira Martinez.
A denúncia
Segundo os procuradores da República que compõem a Força-Tarefa da Lava Jato em São Paulo, os denunciados “praticaram atos de lavagem de capitais em contas mantidas na Suíça e abertas em nome de offshores, servindo para receber pagamentos ilícitos vinculados ao Grupo Galvão Engenharia”.
De acordo com a denúncia, Paulo Vieira de Souza recebeu propina em 2007 e 2010, quando foi diretor de engenharia da Dersa. Ele tinha assumido o cargo em 2005. Nesse período, trabalhou nos governos de Geraldo Alckmin e José Serra, ambos do PSDB.
Paulo, que foi ex-operador do partido tucano, já havia sido condenado pela Justiça Federal a 27 anos de prisão devido a irregularidades em obras do trecho sul do Rodoanel e do Sistema Viário Metropolitano de São Paulo entre 2004 e 2015. Ele também foi preso preventivamente em 2019, na 60ª fase da Operação Lava Jato.
Na nova acusação, a Força-Tarefa de São Paulo aponta a ocultação de recursos ilícitos pagos pela Galvão Engenharia para fazer parte do cartel de construtoras que definiu a divisão e o superfaturamento das obras.
De acordo com a denúncia, Mário Rodrigues Júnior e Paulo Vieira de Souza receberam o dinheiro no exterior por meio de empresas registradas em paraísos fiscais. José Rubens Goulart Pereira foi o principal articulador dos pagamentos.
Ainda conforme a investigação, o ex-diretor da Galvão Engenharia contou com a colaboração de seu irmão, Cristiano Goulart Pereira, também denunciado.
Profissional do mercado financeiro suíço, ele atuava como representante dos ex-diretores da Dersa na movimentação das contas no país europeu e facilitava as transações ilícitas.
Os investigadores identificaram que Cristiano, Mário Rodrigues e Paulo Vieira mantinham contas no banco Bordier & Cie, todas abertas em nome de offshores geridas por uma mesma pessoa jurídica, a Del Toboso Trust Co. S.A..
A mulher de Mário Rodrigues, Andrea Bucciarelli Pedrazzoli, também foi denunciada, acusada de receber parte dos recursos transferidos ao marido.
Ao final do processo, a Força-Tarefa da Lava Jato quer que os denunciados sejam condenados à devolução dos valores ilícitos recebidos e à reparação dos danos causados aos cofres públicos.