Com um resultado “quase” impossível de se prever, o GP da Itália, realizado em Monza no início do mês, levantou mais questionamentos sobre como incluir equipes de médio porte na briga pela ponta. No entanto, a proposta de introduzir corridas com grid invertido na Fórmula 1, sugerida pelo diretor-esportivo Ross Brawn, não é uma das ideias bem aceitas no paddock.
Do início ao fim do grid, boa parte dos pilotos rejeitaram a sugestão, justificando que a medida não teria efetividade e, sem a possibilidade de que os carros mais lentos se defendam ou as estratégias tenham tempo para serem executadas, nem de longe conseguiria cumprir o objetivo de trazer mais emoção para as etapas.
A proposta substituiria as classificações, no sábado, por uma corrida de 25 voltas cujo grid de largada seria definido pelas posições dos pilotos no campeonato – mas invertidas. Assim, o líder Lewis Hamilton largaria da 20ª colocação e Romain Grosjean, último colocado, na pole position. O resultado da prova sprint definiria as posições de largada da corrida no domingo.
- Vamos parecer meio estúpidos porque, ultimamente, temos brigado contra caras com carros muito, muito mais rápidos que os nossos, que podem frear dez metros antes em uma curva e podem nos atacar de uma hora para a outra lá de trás – justificou George Russell, da Williams, 19º no campeonato.
Lance Stroll, sexto na tabela, ressaltou que a impossibilidade de estratégias, fundamentais no desenvolvimento das corridas convencionais, não tornariam as provas com grid reverso aos sábados atrativas:
- Na minha opinião, uma corrida curta com 25 voltas seria entediante de se assistir na Fórmula 1 de hoje. As corridas atuais dependem de estratégias que uma corrida de 25 voltas não ofereceriam. Então acho que seria apenas um treino do começo ao fim e isso tiraria a emoção do esporte.
A ideia já havia sido debatida no último ano pela Fórmula 1 e também nos preparativos para a temporada de 2020, redefinida devido a pandemia do coronavírus. A sugestão seria uma alternativa para diferenciar provas realizadas no mesmo circuito (como o GP da Áustria e o GP da Estíria), e apesar de ter tido o apoio da RBR, foi vetada pela Mercedes.
Piloto da equipe alemã e vice-líder do campeonato, Valtteri Bottas endossou o discurso dos colegas e também se opôs ao fim do modo convencional de classificação, cenário de constantes disputas entre ele e Lewis Hamilton, seu colega de equipe:
Acho que todos os pilotos apreciam levar o carro ao limite por aquela volta na classificação. É divertido e seria uma pena perder isso.
aniel Ricciardo, da Renault, também se juntou aos outros pilotos e se opôs à mudança, afirmando que, na pista, o desenvolvimento das disputas se daria de forma diferente do que é possível imaginar num cenário com provas com grid invertido.
- Essa realmente não é a primeira coisa na nossa lista de prioridades de coisas que precisam mudar no esporte. Entendo esse ponto de vista, mas não vejo muitos cenários onde isso funcionaria e apenas deixaria as coisas um pouco bagunçadas. Do sofá, pode ser emocionante, mas do ponto de vista de um piloto, não acho que precisamos ir por aí ainda – declarou o australiano.
Russell, Stroll, Bottas e Ricciardo não foram os primeiros pilotos a se pronunciarem contra as corridas de grid invertido. Após o GP da Itália, o tetracampeão Sebastian Vettel já havia rejeitado a proposta, considerando a medida como uma mudança artificial que contrariaria os princípios do esporte.