O governo de São Paulo anunciou que a rescisão do contrato com o Consórcio Monotrilho Ouro, responsável pelas obras da Linha 17 do monotrilho, deve ser publicada no Diário Oficial do Estado .
Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador do estado, afirmou que, entre três opções para substituir o atual consórcio, a ViaMobilidade tem a preferência do governo para assumir a missão de concluir a construção das estações.
Isso porque a empresa já havia sido escolhida para administrar a Linha 17-Ouro após a conclusão das obras. A ViaMobilidade é investigada pelo Ministério Público de São Paulo pela sequência de falhas nas linhas 8 e 9 de trens.
O governador informou que o Consórcio Monotrilho “não tem mais oxigênio financeiro” e apresentou as três alternativas para resolver o problema:
- Chamar o próximo [terceiro] colocado na licitação;
- Fazer uma nova licitação;
- “Aproveitar o fato de que, quando foi feita a concessão da Linha 5, foi feita a concessão da linha 17 junto. É uma linha que já tem concessionaria [ViaMobilidade]”.
Apenas no primeiro ano de concessão, completado em janeiro, as linhas operadas pela ViaMobilidade acumularam ao menos 132 falhas — número recorde nos últimos 10 anos, quando a TV Globo iniciou seu levantamento diário sobre os problemas no transporte.
“Observe, eu tenho recurso para fazer a obra, não tenho empresa. Se eu faço o aditivo no contrato de concessão e incluo a obra para dentro, eu pego esse recurso, transponho para a empresa para fazer o equilibro econômico-financeiro, e aí eu não tenho diluição de responsabilidade”, afirmou.
“Eu vou ter o concessionário já fazendo a obra da linha que ela mesma vai operar, estamos buscando essa alternativa”, completou Tarcísio. “Se esse caminho não for viável, a gente parte pra nova contratação da obra. Agora esse caminho que estamos propondo preferencial é o que encurta o cronograma porque, se isso der certo, a gente tem tudo pra, no final de 2025, início de 2026, estar com a Linha 17 operando.”
Em nota, a ViaMobilidade disse que, a pedido do governo do estado, vai estudar o projeto de retomada das obras da Linha 17-Ouro do monotrilho.
O que diz o Metrô
O presidente do Metrô, Júlio Castiglioni, disse que, além de rescindir o contrato com o atual consórcio, irá aplicar uma multa de R$ 118 milhões e suspender o direito de contratar com a companhia por 2 anos.
“A gente considera que essa é a decisão que o passageiro esperava do Metrô diante dessa inexecução do contrato”, pontuou.
Histórico recente
- As construtoras KPE e Coesa foram contratadas em julho de 2021, no governo de João Doria (ex-PSDB) por cerca de R$ 500 milhões para entregar as estações e a via por onde o monotrilho iria passar.
- A TV Globo descobriu, por meia de Lei de Acesso à Informação (LAI), que o consórcio recebeu pouco mais de R$ 102 milhões pelo que efetivamente fez, e que responde a sete processos administrativos por descumprir pelo menos 12 prazos.
- Na maior parte dos meses, a obra não avançou nem 1%. Mesmo assim, o Metrô autorizou a instalação de 67 escadas rolantes nas estações inacabadas. Cada uma delas custou R$ 558 mil. Os equipamentos estão protegidos por lonas plásticas, mas alguns estão parcialmente expostos ao tempo.
- O monotrilho deveria ser mais barato e mais rápido de construir que uma linha de Metrô convencional, mas os 8 quilômetros da Linha 17 estão em obra há mais de dez anos;
- Para efeito de comparação, 10 anos foi o tempo que o governo levou para entregar quase 13 km da segunda fase da Linha 5-Lilás do Metrô. Mesmo com atraso.