Embora tenha indicado uma interrupção no ciclo de flexibilização da política monetária, o Banco Central do Brasil (BC) deve efetuar dois novos cortes de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic), diante de um cenário de menor crescimento econômico e de confluência entre grandes bancos centrais por mais estímulos à economia global.
É o que dizem os economistas do Goldman Sachs em relatório enviado a clientes. Para eles, há “uma probabilidade não negligenciável de 40% de um corte de 0,25 ponto já na reunião de 18 de março”.
Além de esperar o juro a 3,75% no fim do ano, o Goldman Sachs também reduziu sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil neste ano. O banco americano espera, agora, uma expansão de 1,5%, enquanto antes projetava um PIB de 2,2% em 2020.
Goldman Sachs não foi o único a rever a estimativa de crescimento para baixo de 3%. No novo cenário traçado pela Capital Economics, com as perspectivas de impacto do coronavírus, a consultoria passou a prever um avanço de 1,3% para a economia brasileira neste ano.
Corte extraordinário de juros nos EUA
Diante do temor de um impacto maior na economia por conta da epidemia de coronavírus, o Fed (banco central dos EUA) decidiu fazer um corte emergencial nos juros, de 0,5 ponto percentual, para o intervalo entre 1% e 1,25%. A redução representou a primeira decisão realizada numa reunião extraordinária desde a crise de 2008.
No relatório, o Goldman destaca que os bancos centrais da América Latina enfrentem “compromissos complexos e potencialmente desfavoráveis” ao decidir como calibrar suas respostas de política monetária.
“Caso as pressões de depreciação da moeda se intensifiquem, esperamos que a maioria dos BCs adote intervenções no mercado de câmbio com mais força, a fim de ancorar as moedas locais e evitar uma desancoragem com potencial econômico e financeiro.”