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O Brasil na imprensa alemã

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Lula venceu, mas não triunfou: assim se pode resumir o resultado da eleição presidencial no Brasil. O candidato social-democrata obteve 48,4% e perdeu raspando uma clara vitória no primeiro turno. Porém seu adversário, o mandatário radical de direita Jair Bolsonaro, teve um desempenho igualmente forte, com 43,2% – muito mais forte do que haviam predito as pesquisas de opinião.
Em 30 de outubro haverá a batalha final entre Bolsonaro e Lula, num segundo turno. É uma decisão determinante para que rumo o futuro do país tomará. Se o presidente em exercício ganhar, está em jogo nada menos do que a democracia, embora o “autoritarismo eleitoral” brasileiro ainda esteja engatinhando.

Exemplos de outros países demonstram que chefes de Estado autocráticos precisam ser reeleitos pelo menos uma vez para conseguir desmontar um sistema democrático. Por outro lado, a primeira eleição de um “candidato anti-establishment” como Bolsonaro costuma ser a consequência de pesadas crises na sociedade.

Em tais épocas, floresce o ódio contra supostas elites, cultivam-se estereótipos hostis e o desejo de um recomeço radical. Muitos eleitores talvez não concordem com todos os posicionamentos de um candidato, porém veem nele uma alternativa ao status quo.

A desilusão não se faz esperar. Após assumir o cargo, é comum as autoridades eleitas perderem popularidade, sua cotação nas pesquisas de opinião cai, os eleitores se envergonham por sua decisão. Por outro lado, se há uma reeleição, as portas estão abertas para uma reestruturação de cunho autoritário do Estado.

Além disso, num segundo mandato, Bolsonaro agiria de modo mais experiente. Nos últimos três anos e meio, ele estragou muita coisa, em parte por incompetência, em parte por bitolamento ideológico. Para seguir se encenando como político antissistema, de início ele batia de frente com o Congresso, porém logo aprendeu a fazer acertos e comprar votos para suas leis. Essa experiência lhe seria útil para, num segundo mandato, fazer passar a temida reforma da lei antiterror.

Hoje, na maioria dos casos os processos democráticos não são torpedeados através de um golpe de Estado clássico, mas sim por ataques sistemáticos. No Brasil sob Bolsonaro, eles se direcionaram à liberdade de imprensa, ao respeito aos adversários políticos e a um debate público civilizado. Em algum momento as erosões assim efetuadas alcançam um ponto sem retorno que faz tombar muita coisa.

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