Com a ausência do presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, chega ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, na defensiva em temas como economia, meio ambiente e democracia.
Essa situação levou o presidente Bolsonaro a decidir não participar do evento esse ano.
Na busca por agenda internacional, Davos chegou a ser avaliado como uma oportunidade para ter uma imagem de campanha eleitoral, num momento em que ele perdeu interlocução com lideranças das principais democracias.
Segundo interlocutores do presidente, a percepção é que o evento poderia se tornar uma agenda negativa para Bolsonaro justamente pelas cobranças desses temas.
Na vez que participou da edição do Fórum Econômico Mundial, em 2019, Bolsonaro fez uma fala cirúrgica: em poucos minutos, defendeu a estabilidade econômica, o equilíbrio fiscal e a agenda de privatizações.
Há o reconhecimento de integrantes do governo de que, três anos depois, não haveria ambiente para a presença de Bolsonaro em Davos. O próprio Guedes terá que justificar o atraso nas privatizações e a paralisia da agenda de reformas.
Sobre a inflação, o ministro da Economia já fez um discurso preventivo na semana passada ao afirmar que “nós já saímos do inferno, conhecemos o caminho e sabemos como se sai rápido do fundo do poço”.
Mas o grande desafio de Guedes será encontrar um discurso convincente para desconfiança crescente em relação a temas como o meio ambiente, com desmatamento recorde da floresta amazônica e a tentativa de legalizar a mineração em terras indígenas, e democracia.
As ameaças crescentes do presidente Bolsonaro de não respeitar o resultado das urnas e os ataques ao Judiciário tem criado um ambiente de desconfiança entre os investidores internacionais sobre o futuro do Brasil.