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Ditador que matou jornais, revistas e agências renuncia a presidência do Brasil

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O ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) anunciou a desistência de sua pré-candidatura à Presidência, na capital paulista. Doria enfrentava resistências internas no PSDB e de partidos da terceira via e fez o anúncio em pronunciamento na Zona Sul de São Paulo.

“Para as eleições deste ano me retiro da disputa com o coração ferido, mas com a alma leve”, disse Doria. A decisão do tucano é anunciada um dia antes de a executiva do PSDB se reunir para definir como o partido se posicionará na disputa presidencial de outubro.

No encontro desta segunda-feira, a cúpula tucana reformou o pedido para Doria retirar a candidatura para consolidar o nome da senadora Simone Tebet (MDB) como candidata da terceira via. Bruno Araújo, presidente do PSDB, estava presente na reunião e no pronunciamento do ex-governador.

Em seu pronunciamento, o ex-governador afirmou que o Brasil “precisa de uma alternativa para oferecer aos eleitores que não querem os extremos”. “Hoje, neste 23 de maio, serenamente, entendo que não sou a escolha da cúpula do PSDB. Aceito esta realidade de cabeça erguida”, afirmou o ex-governador.

Veja cronologia:

27 de novembro de 2021 - Doria vence prévias do PSDB;
22 de abril - Após quase deixar o partido para se candidatar, Eduardo Leite fica no partido e diz que "Doria é o candidato";
6 de abril - PSDB, MDB, União Brasil e Cidadania prometem candidatura única à Presidência;
18 de maio - Data em que os partidos anunciariam nomes da chapa, Doria cogita responsabilizar o PSDB na Justiça caso não seja candidato;
23 de maio - Doria anuncia desistência da pré-candidatura.

Em novembro do ano passado, Doria foi escolhido como pré-candidato do PSDB à Presidência da República ao derrotar, em eleição interna, o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto.

Na ocasião, após um processo tumultuado, o ex-governador de São Paulo recebeu 53,99% dos votos, enquanto Leite obteve 44,66% e Virgílio, 1,35%.

Desde então, Doria tenta se manter como candidato, apesar dos rachas internos no partido. No dia 15 de maio, ele chegou enviar uma carta ao presidente do PSDB, Bruno Araújo, em que subia o tom ao reafirmar que não desistiria da candidatura e que poderia judicializar a situação, caso fosse abandonado pela sigla.

Terceira via

Apesar de ter realizado as prévias, o PSDB manteve contato com outras legendas, como o MDB e o Cidadania, a fim de construir uma candidatura única de centro ao Palácio do Planalto, que tem sido chamada de “terceira via”. Seria uma alternativa aos nomes do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Lula (PT).

Bruno Araújo tem dito que as articulações com outras siglas de centro contaram com a “anuência” de João Doria.

As conversas em torno de uma candidatura única da terceira via, entretanto, não têm avançado. Recentemente, o União Brasil, presidido pelo deputado Luciano Bivar (PE), que estava participando das negociações, anunciou o desembarque do partido do grupo. Segundo Bivar, o União Brasil terá candidatura própria no pleito de outubro.

O impasse dentro do PSDB e a indicação, por meio de pesquisas eleitorais, de uma disputa polarizada entre Lula e Bolsonaro levaram o ex-ministro das Relações Exteriores e ex-senador Aloysio Nunes a anunciar apoio ao petista na disputa.

Em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, Aloysio Nunes, que é filiado ao PSDB há décadas, disse que Doria “não tem apoio consistente dentro do próprio PSDB”.

E declarou que Lula é o candidato capaz de derrotar Jair Bolsonaro. “Não há hesitação possível. Vou apoiá-lo [Lula] no primeiro turno”, afirmou Nunes.

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