O Supremo Tribunal Federal formou maioria de votos para condenar mais oito réus acusados de executarem os atos golpistas do dia 8 de janeiro. Todos foram presos dentro do Palácio do Planalto.
O julgamento ocorre no plenário virtual, quando os ministros inserem seus votos no sistema eletrônico e não há debates. O julgamento será encerrado no fim da noite desta segunda.
Votaram pela condenação dos réus os ministros: Alexandre de Moraes(relator), Cármen Lúcia, Cristiano Zanin, Luiz Edson Fachin , Dias Toffoli e Luiz Fux.
Ainda não há maioria para estabelecer o tempo de prisão dos condenados. Isso porque Zanin e Fachin divergiram das penas propostas pelo relator Alexandre de Moraes. Os demais ministros seguiram na integralidade o voto de Moraes.
Voto do relator
Moraes votou pela absolvição de dois réus dos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado democrático de Direito e associação criminosa (veja detalhes abaixo).
Nesses casos, Moraes entendeu que a Procuradoria-Geral da República (PGR) não apresentou provas suficientes de que Felipe Feres Nassau e Orlando Ribeiro Júnior aderiram ao movimento com o objetivo de incitar um golpe de Estado.
Para o ministro, no entanto, não há dúvidas de que eles praticaram dano qualificado e deterioração do patrimônio tombando, devendo ser condenados a 3 anos de prisão.
O presidente do STF, Luis Roberto Barroso, seguiu o voto de Moraes nesses dois casos, além de Cármen Lúcia, Luiz Fux e Dias Toffoli. Os ministros Cristiano Zanin e Edson Fachin defenderam pena de 1 ano e seis meses, enquanto André Mendonça votou pela absolvição total.
Os oito réus foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelos crimes de:
·abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
·dano qualificado;
·golpe de Estado;
·deterioração do patrimônio tombado; e
·associação criminosa.
A maioria dos ministros entendeu que houve uma clara intenção por parte de uma multidão de tomada ilícita de poder, com uso de meios violentos para derrubar um governo democraticamente eleito.
A maioria da Corte também afirmou que os ataques configuraram o chamado crime de multidão, quando um grupo comete uma série de crimes, sendo que um influencia a conduta do outro, num efeito manada. Com isso, todos precisam responder pelo resultado dos crimes.
Quem são os réus
Charles Rodrigues dos Santos
Tem 41 anos, trabalha como pedreiro e afirmou que veio para Brasília com vários manifestantes em um ônibus e que ficou hospedado no acampamento montado em frente ao Quartel General em Brasília. A PF localizou material genético dele em objetos encontrado no Planalto após a invasão.
·Pena proposta por Moraes – 14 anos
·Pena proposta por Zanin – 11 anos
·Pena proposta por Mendonça – 4 anos e 2 meses
Cibele da Piedade Mateos
Professora, deixou São Paulo em um ônibus e ficou instalada no acampamento montado em frente ao Quartel General em Brasília. Em depoimento afirmou que seu objetivo era “apenas ocupar os prédios, sentar e esperar até “vir uma intervenção militar” para não deixar o Lula governar”. A PF encontrou imagens dela feitas durante a invasão e destruição do Congresso e do Planalto.