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As asas (flexíveis) da discórdia: mais uma polêmica com a RBR

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Parece notícia velha, eu sei. Mas a RBR está no meio de mais uma polêmica sobre um suposto excesso de flexibilidade de sua asa traseira na Fórmula 1. Aliás, esse é um assunto recorrente em se tratando da trajetória da equipe austríaca na maior categoria do automobilismo mundial e que surge todas as vezes em que ela começa a se destacar em um campeonato. Desta vez a reclamação veio da Mercedes, por meio do chefe Toto Wolff e do heptacampeão Lewis Hamilton, que destacou, após o GP da Espanha, disputado no último domingo que o aerofólio traseiro da RBR chamava a atenção por ser muito flexível.

Tudo obra do inglês Adrian Newey, conhecido como o mago da aerodinâmica, diretor técnico da RBR e responsável pelos ousados projetos dos carros do time. O projetista é conhecido por explorar todas as possibilidades dos regulamentos técnicos escritos pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA) – as chamadas áreas cinzentas. E há muitos anos, Newey aposta em asas no limite da flexibilidade permitida pelos testes obrigatórios. O que sempre gera reclamações alheias.
Bem, a reclamação da Mercedes surtiu efeito. E a FIA já anunciou que terá novos métodos para avaliar a flexibilidade das asas traseiras a partir do GP da França, no fim de semana de 25 a 27 de junho. A entidade enviou um comunicado oficial às equipes avisando que ela descobriu que alguns aerofólios que tinham sido aprovados nos testes demonstraram “flexibilidade excessiva com os carros em movimento”. Apesar do primeiro GP ser apenas em Paul Ricard, as novas medidas entram em vigor já no dia 15 de junho. Além de medições estáticas nos boxes, a FIA passará a monitorar as câmeras onboard dos carros.

Além disso, as equipes terão de colocar uma série de marcações em suas asas para facilitar as inspeções da FIA. De acordo com o artigo 3.8 do regulamento técnico da F1, a carenagem deve ser “rigidamente presa ao carro” e “permanecer imóvel em relação ao carro”. A regra foi criada para evitar que as equipes usassem apêndices aerodinâmicos móveis. Mas quase todas as equipes exploram a flexibilidade das asas para tentar conseguir mais velocidade nas retas sem perder aderência nas curvas. É o caso da RBR, que sempre faz a interpretação mais ousada das regras.
Apesar disso, Nikolas Tombazis, chefe técnico de monopostos da FIA, optou por não apontar o dedo para possíveis equipes. Mas garantiu que está à procura de asas que não estejam dentro do regulamento. Por isso o aumento do rigor dos testes de flexibilidade. Por causa disso, o prazo dado às equipes para mudanças foi de um mês – e elas terão uma tolerância de 20% nos primeiros 30 dias da operação dos novos testes.

Mercedes x RBR: mais um capítulo
Fato é que tudo isso acende mais uma polêmica no conturbado relacionamento entre Mercedes e RBR. A rivalidade entre as equipes só aumenta e, por consequência, as farpas trocadas pelos chefes Toto Wolff e Christian Horner pela imprensa. Faz parte do jogo de bastidores, claro, mas confirma também o crescimento da equipe austríaca, que representa uma ameaça real ao time alemão na temporada 2021.

Ao mesmo tempo que pode eliminar uma possível vantagem da RBR, a reclamação da Mercedes mostra uma preocupação com a rival. O que, em uma batalha tão acirrada quanto a que estamos vendo neste ano, pode ser considerada um sinal de preocupação – coisa que a equipe alemã não viveu nestes anos da era híbrida – desde 2014. É notória a reação desde os atrapalhados testes de pré-temporada no Barein, mas a Mercedes sabe que, em 2021, ainda está longe do domínio que teve na Fórmula 1 nos últimos anos. E qualquer mínima vantagem é vantagem.

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